STATUS

21 dezembro 2006

MORTE



A morte ou nada...
o vazio do infinito...
o inconciente do momento...
a interminável busca... pela cura... pelo quê?
Nada de novo... nada de concreto...
e retomamos o passado como parte do nosso presente...
como se viesse de dentro... como um gigante...
um furacão... um dilúvio...
a morte...
a sombra...
o acaso...
as sobras...
o resto...
o imenso e eterno nada...

20 dezembro 2006

...três na estrada...

...três na estrada...
olho pro lado... está lá... me acompanhando... adiante...
olho para frente e vejo... sorrindo... esperando... acenando...
olho para tráz... e vejo... no meu rastro... no meu caminho...
que passou...
impossível separar-nos... a união é nossa força...
o nosso paradigma...
no paradoxo cotidiano... um passou e outro vem....
e eu...
vagueio... no caminho... ando...
pra traz... pra frente...
nestas indas e vindas do destino...
eu sonho... sonhador...
eu choro... saudoso...
somos trez na estrada...
eu
os meus sonhos...
e a saldade...

05 dezembro 2006

Metade

Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.
E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade...
também.